De
modo geral, profissionais da educação não têm ainda, no Brasil, um
status no qual a sociedade referencie valor, sucesso, prazer,
realização. O que se pensa é: “Se a pessoa não puder ser mais nada, seja
professor(a)”, ou seja, que se ocupe dessa tarefa “subalterna” e
“sem-futuro”. Às profissões, numa sociedade como a nossa, estão,
inevitavelmente, associadas as suas condições financeiras (“Quanto você
ganha, rapaz?”), e professores, apesar do que de melhor puderam obter em
seus ganhos e em suas condições de trabalho nos últimos tempos, não
estão no topo da pirâmide.
Existe, pois, uma luta constante por melhorias salariais, o que
facilmente vemos ao acessar a internet e o cotidiano direto. Eu próprio
já vim aqui neste blog dar meu apoio às greves que os professores da
rede pública estadual empreenderam em anos recentes. Mas hoje quero
tocar em algo que considero também de suma importância em relação ao
assunto: a redução do professor e do ensino a negócio. E o pior: com a
extrema colaboração dos profissionais da área.
Passeando
tantas vezes pelo facebook e em outros espaços, observando perfis de
professores e as interações entre os mesmos, percebi que quase
100% dos assuntos de tais pessoas se referem à questões salariais, como
se isso fosse o único assunto da ampla área da EDUCAÇÃO. De modo geral,
não vejo mais professores debaterem outra coisa senão isso, os royalties
do petróleo e afins. É a financeirização da atividade, antes ocorrida
na área da saúde (um aspirante a médico, antes de pensar como um
humanista com amplo foco no social, pensa em ficar rico). Por esse
comportamento, a dominar muito das conversas de professores, percebo uma
redução do papel do ensino, da escola, dessa relação toda que é por
demais importante, essencial mesmo.
Não
sou contra qualquer profissional ganhar adequadamente e sei que a luta
dos professores, nesse sentido, é justa. Mas será que nada mais há sobre
qualquer outro tema que valha a atenção de um professor? Se há, cadê a
fala que não se faz presente? Ao que parece, ao menos a mim, é que, por
conta de frustrações a ambições não bem-sucedidas, a melhoria no ganho
salarial serviria como recompensa/vingança contra um sistema de coisas
que os professores odeiam por lhes maltratarem. Mas será que a
financeirização da "utopia" (?) seria caminho?
Se
meus questionamentos incomodam, agradeço a quem ainda deixar ferver em
si um resquício de saudável rebeldia e amor pelo que faz, pois isso, da
parte da pessoa, demonstra que ela está viva, que o dinheiro (a falta
dele mesmo) não lhe matou. Por mais que um profissional da educação
precise ser pago, como todos os outros profissionais, o que ele realiza,
sendo bom, não tem preço. Mas se ele se preocupa mais com o carro do
ano que com valores, é sinal de que nossa sociedade arde em franco
processo de autodestruição.
FONTE - O ARAIBU
FONTE - O ARAIBU
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